terça-feira, 3 de setembro de 2013

A saúde no Brasil, os médicos brasileiros e os médicos cubanos

Pela Comissão Política Regional
02/ 09/ 2013

Foi publicada, na página eletrônica do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, entre outras matérias contrárias à vinda dos médicos cubanos e de outras nacionalidades para trabalhar em municípios do interior e na periferia de grandes cidades, dentro do programa Mais Médicos, do governo federal, um artigo, publicado na revista Veja e assinado por Reinaldo Azevedo, cujo título é “Os 4 mil escravos de jaleco do Partido Comunista Cubano vão custas R$ 40 milhões ao Brasil”.  A página divulga, ainda outras matérias contrárias à medida, com acusações semelhantes.

 A questão da vinda de médicos estrangeiros vem suscitando uma grande polêmica por todo o país. Entre aqueles que vêm criticando a medida e, destacadamente, o contingente cubano, estão, claramente, os segmentos mais reacionários da sociedade brasileira, bem representados na Veja, que não se avexam em ressuscitar velhos jargões mentirosos, anticomunistas, muito usadas no período da guerra fria para criar, junto à população, uma imagem fantasiosamente negativa sobre a realidade do Socialismo então existente na URSS e em outros países, como as afirmações de que se trata de trabalho escravo (imaginem escravos estudando medicina), de que a vinda dos cubanos tem, como objetivo, a propaganda política dos governos cubano e brasileiro para os segmentos mais desfavorecidos do povo brasileiro, de que as médicas cubanas pareciam empregadas domésticas e outras do mesmo quilate.

É amplamente reconhecido, mesmo por aqueles que não simpatizam com o Socialismo, que Cuba superou a fome, o desemprego, a miséria e a falta de condições sanitárias que caracterizavam o país antes da revolução. É igualmente sabido que Cuba dispõe de um excelente sistema educacional, universal até o ensino médio, que apresenta uma taxa de analfabetismo próxima de zero. Sabe-se também que o país tem um sistema de saúde extremamente desenvolvido, universal e gratuito, que não apenas resolveu os problemas básicos da sua população, como as verminoses, a tuberculose e outras doenças associadas à pobreza, mas também oferece tratamento para casos de alta complexidade, exporta medicamentos e tecnologias de saúde avançadas. Cuba forma muitos médicos, sua medicina prioriza os aspectos preventivos, constrói a saúde pública e não vive de vender a cura para doenças como fazem os grandes laboratórios e as clínicas privadas.

Cuba exporta, sim serviços de saúde e seu governo retém parte do pagamento recebido pelos profissionais que vão trabalhar no exterior, por um tempo determinado, como um imposto, uma compensação pelo ensino público e gratuito, de alto nível que receberam. E mantém inúmeras brigadas de saúde que, solidariamente, prestam serviços de assistência na regiões mais  pobres da América Latina e da África.

O programa “mais médicos” não resolverá, por si mesmo, os gravíssimos problemas de saúde do Brasil, onde o atendimento é restrito, na grande maioria dos casos, àqueles que podem pagar um plano de saúde privado, que podem comprar medicamentos caros fabricados por empresas privadas estrangeiras.  Muitas dezenas de milhões de brasileiros, residentes nas periferias das grandes cidades e no interior, regiões para onde muito poucos médicos aceitam ir trabalhar, mesmo que por tempo limitado e com bons salários, jamais tiveram qualquer tipo de atendimento. O orçamento brasileiro deixa clara a prioridade dos últimos e do atual governo: 1,6% (com apenas metade executada em 2012) para a Saúde, 45% para o pagamento de juros.

É inadmissível que uma entidade com tradição de luta, como o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, se some ao obscurantismo e ao reacionarismo que carateriza as matérias postadas em seu sítio eletrônico. Como um Partido que sempre esteve presente e, muitas vezes, à frente das grandes lutas pela Saúde pública no Brasil, o PCB repudia esta atitude do SinMed RJ e conclama a diretoria e os associados dessa entidade a somar esforços com as demais entidades, partidos e movimentos sociais que lutam pela solução dos graves problemas que afligem a Saúde no Brasil, no combate à privatização do setor, na construção da Saúde pública, gratuita e universal, no Brasil.