quinta-feira, 20 de março de 2014

GREVES DOS GARIS E DO COMPERJ: um mundo a ganhar, por aqueles que não têm nada a perder.

Pela Comissão Política Regional
Março de 2014

As recentes greves dos garis da COMLURB e dos trabalhadores do COMPERJ marcaram o início desse ano em termos de luta de classes em nosso estado. A primeira foi de curta duração, impactou a vida da cidade em pleno período do carnaval e obteve uma expressiva vitória econômica, além de impor uma clara derrota política ao arrogante Prefeito Eduardo Paes (PMDB). A segunda se estendeu por mais de um mês, teve pouquíssima visibilidade e terminou com resultados bem abaixo das reivindicações dos trabalhadores.

Apesar das diferenças acima, as duas greves revelaram algumas facetas semelhantes que valem ser ressaltadas. As duas categorias estão entre as camadas mais exploradas da classe trabalhadora, enfrentam condições duríssimas de trabalho, recebendo pouco acima do salário mínimo. Os respectivos Sindicatos (Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do município do Rio de Janeiro, filiado a CGTB e o Sindicato dos trabalhadores da Construção Civil de São Gonçalo e Itaboraí, filado a CUT), que deveriam estar à frente da luta em defesa dos interesses desses trabalhadores, se colocaram de forma descarada como verdadeiros agentes patronais.

No caso dos garis, a diretoria do Sindicato após a assembleia ter deliberado pela greve, publicou, na calada da noite, um boletim informando a suspensão do movimento. Depois desse ato de traição à luta dos trabalhadores, esses sindicalistas de mentirinha se colocaram inteiramente a serviço do Prefeito, boicotando a greve e assinando um acordo rebaixado. Não satisfeitos os traíras fizeram mais um comunicado afirmando que “o Sindicato não foi responsável pela deflagração da greve”.

Já no COMPERJ nas assembleias conduzidas pelo Sindicato não se permitia que os trabalhadores fizessem uso da palavra para discutir os rumos do movimento, apenas os diretores do Sindicato e da CUT podiam falar. Nem assim eles conseguiram deter a força da greve, foram vaiados em todas as assembleias. Inconformados, os pelegos e as empresas contrataram capangas para ameaçar os trabalhadores. Numa das manifestações bandidos passaram atirando e balearam dois grevistas, isto sim, pode ser classificado como um verdadeiro ataque terrorista, no qual acabaram feridos dois operários.

Além de enfrentar aqueles que deveriam estar ao seu lado (os Sindicatos), os garis e os trabalhadores da construção civil se defrontaram com a repressão do estado. A PM do governador Sergio Cabral (PMDB) reprimiu duramente uma passeata dos garis no sábado de carnaval, espancando, jogando bombas e atirando balas e borracha contra os manifestantes. Igualmente em Itaboraí foi montado um forte aparato policial para agir contra as movimentações dos trabalhadores do COMPERJ, vários confrontos foram registrados, sempre com a marca da brutalidade e da covardia na ação policialesca contra os grevistas.

Outra experiência similar para essas duas categorias foi como a mídia, concentrada nas grandes redes de TV, rádio e jornais, cobriu essas greves, ou seja, da mesma maneira que sempre fazem. Os trabalhadores quase nunca tiveram voz, mas, o Prefeito, as empresas e os Sindicatos pelegos obtiveram ampla cobertura. Eduardo Paes e o presidente da COMLURB se referiam aos garis em greve como “marginais”. De imediato anunciaram 300 demissões na tentativa de derrotar o movimento, mas não contavam com a determinação dos garis e com o apoio que grande parte da população carioca manifestou a greve, reconhecendo a importância do trabalho desses profissionais para a manutenção das condições de vida na cidade.

A disposição de sair para a luta demonstrada por aqueles que, muito pouco, ou quase nada, têm a perder, indica que o processo iniciado com as jornadas de junho de 213 se desdobra para as mobilizações dos trabalhadores, o que pode significar mudanças profundas na conjuntura social e política brasileira. Não é por acaso que o exemplo dos garis do Rio de Janeiro já "contaminou" os trabalhadores da limpeza urbana em varias cidades. A greve no COMPERJ vem na esteira de outras realizadas em grandes obras. Outras categorias superexploradas, como os motoristas e cobradores de ônibus, retomam também o caminho das greves.

Todo esse movimento se defronta com o governo do PT/PMDB e seus sócios menores trabalhando a serviço das grandes empresas capitalistas. A fórmula deles é a mesma, quando a economia está aquecida só oferecem migalhas aos explorados, já ao menor sinal de crise ou diminuição da atividade econômica, tratam de intensificar os mecanismos de exploração sobre a classe trabalhadora. Nossa luta, portanto, não deve se limitar aos resultados imediatos, esses apenas sinalizam que a causa fundamental das nossas péssimas condições de vida e trabalho é o sistema econômico e político burguês, este ainda está por ser derrotado.

quinta-feira, 13 de março de 2014

13 de Março de 1964: viva a luta dos trabalhadores!

Pela Comissão Política Regional
março de 2014

Meio século se passou desde a realização do Comício da Central, onde o Presidente João Goulart anunciou, para milhares de trabalhadores, um conjunto de medidas para mudar, para melhor, as condições de vida da classe trabalhadora. Eram as chamadas “Reformas de Base”, que provocaram, nas camadas mais ricas da população, o temor de que uma Revolução estaria para acontecer, uma revolução feita por todos os que vivem apenas de seu próprio trabalho. Entre as Reformas estavam a reforma agrária, para dar terra aos que nela trabalhavam, a reforma urbana para a garantia de moradia e acesso aos serviços públicos,  e a reforma educacional, para a emancipação das camadas mais pobres, que teriam uma boa escola pública.

Foi no dia 13 de Março de 1964. Goulart dizia que a Constituição brasileira então em vigor dava base legal a uma estrutura socioeconômica “injusta e desumana”, que dava privilégios a uma minoria. Ele queria também que não houvesse interferência do poder econômico nas eleições e que todas as correntes políticas pudessem expor suas ideias livremente e disputar as eleições em condições justas. Foi principalmente para beneficiar empresas privadas nacionais e estrangeiras, com a retirada de direitos trabalhistas, e contra essa possibilidade de melhoria de vida da maioria da população, contra as garantias de emprego e Educação para todos, contra a reforma agrária e contra qualquer avanço da democracia para permitir mais participação de todos, como propunham as Reformas de Base, que se deu o Golpe de 1º de abril daquele ano, dando início à ditadura empresarial-militar que duraria 21 anos. Foi uma ditadura que deixou, atrás de si, um largo rastro de sangue de tortura e morte de milhares de trabalhadores, estudantes e ativistas políticos que lutavam por liberdade, direitos civis e melhores condições de vida para a maioria dos brasileiros. Entre eles, muitos e muitos militantes do Partido Comunista Brasileiro. 

A ditadura caiu em 1985, depois de muita luta. Vieram governos eleitos diretamente pelo voto popular. No entanto, as demandas por melhoria de vida para os trabalhadores, expressas por João Goulart, ainda não foram atendidas: no Brasil de hoje, 50% das famílias brasileiras não tem saneamento básico, a grande maioria dos jovens não chega à oitava série do ensino fundamental, a terra está nas mãos de poucas grandes empresas que produzem para exportar, os empregos são precários, as cidades não têm transporte público de qualidade, não oferecem acesso à saúde pública e gratuita com qualidade.
Todas as propostas contidas nas Reformas de Base seguem atuais.

Nesse dia 13 de Março, o PCB homenageia a todos os que lutaram contra a ditadura e reafirma seu compromisso com a luta pela emancipação da classe trabalhadora. O momento exige que os trabalhadores, independentemente de sua filiação partidária, se unam no fundamental: na luta por melhores condições de vida e trabalho, pela igualdade e pela justiça social, contra a exploração capitalista.

A luta continua.

Pelo Poder Popular, pelo Socialismo.

PCB - Partido Comunista Brasileiro
Rio de Janeiro

quarta-feira, 12 de março de 2014

Um espectro ronda a cidade: o espectro da organização e consciência de classe

Pela Comissão Política Regional
março de 2014

Chegou ao fim a histórica e vitoriosa greve dos garis. Greve essa que ousou desafiar o arrogante alcaide Eduardo Paes. 8 dias de ruas por toda a cidade cobertas de lixo.

Essa greve mostrou ao prefeito e à população carioca a importância desses profissionais, indispensáveis à vida na cidade. Indispensáveis e invisíveis para a maioria de nós. O profissional que recolhe o lixo que nós produzimos – muitas vezes em excesso por ausência de consciência ambiental – sempre com um sorriso no rosto, nem sempre é valorizado como deveria. E foi muito bom ver o apoio da população crescer com o passar dos dias.

Outra virtude dessa greve foi escancarar o racismo quotidiano em nossa sociedade. A cor da pele (majoritária) dos garis é negra. É o que sobrou para os afrodescendentes enquanto as profissões de nível superior o capitalismo destina aos brancos. Mais uma vez é quebrado o mito da democracia racial.

Mas a grande vitória mesmo dessa greve foi ver uma categoria explorada e oprimida pelo poder de um prefeito arrogante, prepotente, mimado e autoritário passar por cima de uma diretoria sindical inoperante, pelega e subordinada ao patronato. A vitória da categoria se fez ainda maior por ter como adversária toda a grande imprensa que não hesitou em tomar partido, sempre do lado dos opressores e contra os trabalhadores. Nenhuma novidade, já que a mídia jamais será independente enquanto estiver nas mãos do grande capital.

Quando os trabalhadores perdem a paciência, se unem e constroem coletivamente a sua luta a vitória é certa.

Que o restante da classe trabalhadora se mire nesse grande exemplo: rompa as amarras do peleguismo sindical, agarre o seu destino nas próprias mãos e construa coletivamente o seu futuro, que passa pelo Poder Popular e o Socialismo.