quinta-feira, 22 de agosto de 2013

DOI-CODI: Memória e Verdade, mas principalmente Justiça


Pela Comissão Política Regional
21/ 08/ 2013

No dia 21/ 08, membros da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro foram barrados no 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, quando tentavam percorrer as instalações do local. Como se sabe, lá funcionou o famigerado DOI-CODI, Destacamento de Operações de Informações- Centro de Operações de Defesa Interna, antro de carniceiros na época da ditadura empresarial-militar que assolou o País entre 64 e 85. Tal visita, apesar de também formalizada pelo Ministério Público Federal, foi negada pelo Comando Militar do Leste sob o pretexto de, por ser área federal, não estar submetida a uma comissão estadual.

A caserna parece estar, como se vê, ainda contaminada pela mentalidade dos "anos de chumbo", em que autoritarismo e falta de transparência caminhavam de mãos dadas. Ao negar o ingresso de uma comissão instituída para apurar crimes da ditadura, o Comando Militar do Leste acaba por demonstrar sua cumplicidade.

O PCB-RJ apoia a Comissão Estadual da Verdade, apesar de suas limitações evidentes, dentre as quais o atrelamento ao governo federal. Deixamos claro que não basta que se apure a "verdade" dos fatos da época, nem tampouco apenas o registro de sua "memória", mas também a "justiça"- para que sejam punidos os criminosos daquele período sombrio da história do Brasil. O PCB-RJ denuncia, também, que o arbítrio continua mesmo em tempos de normalidade "democrática", e o desaparecimento cotidiano de novos Amarildos, alvos de uma polícia militarizada e fascista, é prova disso.

As forças progressistas não se intimidam, e nem tolerarão que o véu de impunidade se mantenha por mais tempo. Com o poder popular, os portões das masmorras se abrirão.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma educação para além do capital

Pela Base SEPE/ SINPRO do PCB-RJ
Agosto de 2013

No mês de junho, as manifestações populares ocuparam as ruas de 438 cidades do país. Por volta de 2 milhões de brasileiros protestaram contra as condições de vida insuportáveis. A questão que desencadeou todo o movimento, "a fagulha que incendiou toda a pradaria", foi o aumento das passagens dos transportes urbanos. Entretanto, um sem-número de outras pautas e reivindicações se incorporaram às passeatas. A revolta contra a precariedade da educação, da saúde e dos transportes públicos; a indignação contra o sistema político-eleitoral e a farra com o dinheiro nas mãos dos governantes; a brutalidade das polícias militares, em especial nas favelas; os gastos na ordem de bilhões de reais com construções e reformas de estádios de futebol "com padrão Fifa". Não restam dúvidas, eles assumiram os golpes desferidos pela população. A imprensa mudou a forma de noticiar as marchas– se antes criminalizavam, passaram a aplaudir; suspendeu-se o aumento das tarifas em várias cidades; os índices de popularidade de vários governantes das três esferas (federal, estaduais e municipais) despencaram; e o Poder Legislativo passou a atuar pressionado. Todos os políticos, a partir de agora, pensarão duas vezes antes de tomar qualquer medida antipopular. Foram muitas vitórias. E ainda há muitas a conquistar!

O QUE CABE AOS EDUCADORES

Neste momento, a nossa principal tarefa é trazer as pautas das manifestações que tocam a educação para o debate nas greves, nas comunidades escolares, conversar com os nossos colegas, estudantes e também os pais. Em todas as passeatas, havia muitos estudantes das escolas públicas e particulares. Assim, o momento não poderia ser mais apropriado para discutir todas as mazelas da educação e da sociedade com eles. Devemos travar com a comunidade escolar um amplo diálogo e perguntar: o que poderia ser diferente? Que escolas e universidades queremos? As lutas populares são pedagógicas, elas também educam. O recuo dos governantes nas tarifas dos ônibus não poderia ser uma aula melhor sobre como somente os trabalhadores organizados são capazes de transformar profundamente uma sociedade, vide os exemplos históricos espalhados por todo o mundo.

Nota do PCB-RJ sobre a greve na rede pública de educação

Pela Comissão Política Regional
20/ 08/ 2013

O Rio de Janeiro presencia mais uma greve dos profissionais de educação das redes estadual e municipal. Defendemos incondicionalmente a luta da categoria. Não é segredo que a educação nas escola públicas, em nosso Estado, vai de mau a pior, num processo inaudito de sucateamento, bem como com a subordinação, cada vez maior, à lógica privatista. É um cenário tão desalentador que, fugindo de seu cinismo habitual, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, num arroubo raro de sinceridade admitiu, em entrevista, que não matricularia os filhos em escola pública "por ter dinheiro para pagar uma escola particular"(*).

Pois bem, enquanto a prole do prefeito e do governador tem acesso a boas escolas, as melhores que o dinheiro pode pagar, os filhos da classe trabalhadora em nosso Estado penam com péssimas condições de ensino e escolas caindo aos pedaços, em um sistema que não possui o menor interesse em emancipar o indivíduo. Os profissionais da educação, por sua vez, humilhados reiteradamente por esse mesmo sistema, padecem com o assédio moral diário e com salários muito aquém da dignidade da função.

Somamos forças à combativa categoria dos profissionais de educação, pois, na busca por uma educação pública de qualidade, que rompa o véu de alienação do capital, em que alunos e professores recebam o respeito que merecem.

*

(*) Entrevista concedida a Ricardo Boechat, na BandNews FM, em 16/ 08/ 13.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Black Blocs e o apego aos símbolos

Pedro Correia, estudante e militante da UJC-RJ

Enquanto milhares decidiram ir para as ruas levantar suas causas de luta em cartazes, gritos, palavras de ordem e discursos, outros decidiram ir para as ruas levar tudo isso condensado em um símbolo: a ação direta violenta. Não é de hoje que é possível perceber a dificuldade da articulação entre setores populares e o Estado, esta que fica resumida ao pedido do voto e na confiança que, elegendo o representante x ou y será possível a mudança. Enquanto políticos se apresentam como representantes e salvadores, alguns grupos se apresentam como defensores do povo. Mas salvar de quê, e defender do quê?

Podemos observar por detrás das notícias dos grandes meios de comunicação que o mundo não vai bem. Apesar do luxo difundido nas novelas grande parte da população ainda vive em condições miseráveis, sem acesso aos meios de consumo necessários para manter uma vida digna. Além disso, moradores de favela tem de conviver diariamente ora com a opressão do tráfico, ora com a opressão policial, isso quando não acontece pior, e estas duas se condensam em modelos de pacificação belicistas.

O grande foco das manifestações da atual conjuntura brasileira é o Rio de Janeiro. Jogos Olímpicos e Copa do Mundo são um bom pretexto. Existe algo como o esporte para reunir todas as classes em torno de um único objetivo? Acho que não. O problema de tudo isso começou quando uma classe tentou se apropriar de um dos poucos patrimônios que transcendem – ou pelo menos harmonizam - a luta de classes, que é o esporte. Privatizaram o Maracanã, expulsaram os índios que viviam ao entorno do estádio, sumiram com o Amarildo, removeram favelas, realizaram chacinas, e, como a cereja do bolo, a polícia bateu 'com vontade' nos manifestantes que decidiram se manifestar mostrando o quanto essa história estava errada para a maioria.