sábado, 1 de agosto de 2015

A chacina cotidiana no Rio de Janeiro

A chacina cotidiana no Rio de Janeiro:

26 de Julho – 25 anos da Chacina de Acari
23 de Julho – 22 anos da Chacina da Candelária



  Nesta última semana estas datas foram lembradas e impulsionaram os protestos dos movimentos populares e de direitos humanos: A Chacina de Acari e a da Candelária. De comum ambas revelam o drama cotidiano da população jovem, negra e pobre neste país: a violência policial (militar e paramilitar), a banalização da vida, o descaso dos poderes públicos e a impunidade.
  Sobre a Chacina de Acari as informações da Anistia Internacional resumem esta constatação:

  “Passados 25 anos desde o desaparecimento forçado de 11 jovens no Rio de Janeiro. O crime ficou mundialmente conhecido como a Chacina de Acari. Os corpos nunca foram localizados e os responsáveis não foram levados à justiça. A impunidade tem sido uma forma de continuidade da violência contra esses jovens e suas famílias. (...)
  Em sua luta por justiça, as mães dos jovens de Acari, se organizaram e levantaram suas vozes por justiça e contra a violência dos grupos de extermínio na região. (…) Em 1993, Edméia da Silva Euzébio, uma das mães mais empenhadas na luta por justiça, foi morta violentamente. Ela foi assassinada quando buscava informações sobre o paradeiro do seu filho. (…) Depois de 22 anos da morte de Edméia, o processo continua na fase de instrução e julgamento e ainda não foi encaminhado para o júri. (…)
  A investigação indicava que os policiais militares envolvidos vinham extorquindo algumas das vítimas antes do seu desaparecimento forçado. Até hoje seus paradeiros não foram descobertos e os responsáveis não foram levados à Justiça. O inquérito policial ficou em aberto por 20 anos, tendo sido arquivado em 2010 1.”
Manifestação em memória dos
22 anos da Chacina da Candelária (23/07/2015)


  No caso da Chacina da Candelária, 8 jovens foram assassinados e os indiciados pelo crime em sua maioria eram policiais militares. Nem todos cumpriram pena e alguns condenados continuam em liberdade.
Depois de mais de 20 anos destes massacres o que foi feito pelos governos para reverter este perverso cenário de violência contra os jovens e adolescentes? Nada! Pelo contrário, a violência policial, os grupos de extermínio e as milícias continuam sendo a única face visível do Estado para os mais pobres. No ano de 2013 o Brasil registrou a marca d10.136 assassinatos de jovens entre 11 e 19 anos, média de 28 mortos por dia. E, na contramão disto tudo, a solução do Congresso Nacional é a redução da maioridade penal. Ou seja, além da execução sumária, assistiremos à prisão de uma juventude desassistida e sem esperanças.

Mais um registro da manifestação de 23/07

  O ECA não é apenas uma lei de mão única, punitiva. Ao contrário de sua revisão, o que deveria ser feito, e nunca foi de fato, é sua plena implementação, qual seja, a garantia pelo Estado de direitos plenos às crianças e adolescentes, não só a garantia da vida (infelizmente hoje temos de defender o óbvio!), mas da habitação, educação, lazer, esporte, saúde etc.
  Nós comunistas acreditamos que a solução para esta difícil equação da crescente violência urbana não é simples, nem milagrosa, mas envolve a luta por mudanças estruturais. Queremos o fim da polícia militar e da militarização da política de segurança. O combate às milícias, grupos de extermínio e tráfico de drogas não passam de bravatas a não ser que transformemos a estrutura das polícias eataquemos as fontes de financiamento destes grupos ilegais. Queremos um conjunto de políticas públicas que enfrentem as mazelas mais gritantes decorrentes da desigualdade social. Em suma: queremos a transformação radical da sociedade e o fim do capitalismo, que gera desigualdade, miséria e violência em todos os quadrantes.