Joycemar Tejo, membro do
Comitê Regional do PCB- RJ
(originariamente para o Diário Liberdade)
12/ 09/ 2013
Comitê Regional do PCB- RJ
(originariamente para o Diário Liberdade)
12/ 09/ 2013
Tenho apontado aqui no Diário Liberdade o evidente descompasso entre a teoria constitucional e a realidade cotidiana. Direitos fundamentais que são desprezados, princípios jogados na lata de lixo e assim por diante. As polianas podem considerar exagerado, mas o recrudescimento da sanha punitiva do Estado cresce a olhos vistos. Temos novo exemplo disso na prisão -preventiva!- dos administradores da página dos Black Blocs no Facebook (1). Reparem, "preventiva". É uma prisão de exceção: o sujeito não foi condenado criminalmente. Por ser excepcional, deve ser usada com o máximo de cautela possível, caso contrário se estará violando o princípio constitucional da não-culpabilidade (2). Qual é a acusação aqui? Formação de quadrilha armada. As armas, no caso, "artefatos perfurantes" encontrados na residência dos sujeitos. Perigosíssimo: alguém pode furar o dedo, afinal. Levando em conta a inconsistência da acusação, salta aos olhos o caráter político da repressão.
Não se trata de endossar o método dos Black Blocs. O capitalismo não cairá graças a uma pedrada na vidraça de um banco qualquer. A revolta é legítima, mas, se não for bem direcionada, se esgota em si mesma, podendo chegar às raias do martírio (que fica bem em religiosos, mas não em revolucionários), em face da discutível utilidade do confronto direto, diante de forças de repressão armadas e treinadas (3). Coisa diferente é a autodefesa, imprescindível nas manifestações de rua (4). O que precisamos é de um longo, e paciente, trabalho junto às massas; não há soluções imediatas para o capitalismo. Sobretudo é fundamental organização, e quando o Black Bloc ecoa o "sem partido!", adquire caráter despolitizador e deseducador.