sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A Saúde na UTI

Pela Comissão Política Regional
janeiro/ 2013

O recente episódio da morte de uma criança no Hospital Salgado Filho – atribuída à falta de atendimento em função da ausência, no horário de plantão previsto, de um nerocirurgião –, gerou diversas manifestações de protesto e, mais uma vez, ao diagnóstico de que quem está na UTI é o sistema de Saúde.

É indubitável que a falta do profissional foi grave. É igualmente inaceitável que o mesmo profissional, ao que tudo indica, tenha forjado assinaturas de ponto em noites em que esteve, também, ausente. Nem mesmo os baixos salários pagos aos profissionais do setor justificam esta atitude.

No entanto, há outros pontos a considerar: o primeiro elemento é a constatação de que houve falha do sistema, que prevê a transferência de pacientes em estado grave, com risco iminente de vida, para outra unidade hospitalar, com máxima prioridade, no caso de não haver médicos especializados na área necessária ou falta de equipamentos, o que não foi feito pelo chefe do plantão, na ocasião do ocorrido, tendo a menina sido atendida 8 horas após ter dado entrada no hospital.

O segundo elemento é a precariedade do sistema público de saúde no Rio de Janeiro, reconhecida até mesmo pelo Ministério da Saúde. Nesse sentido, tem razão o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Dr. Jorge Darze, ao caracterizar a atribuição da culpa do ocorrido à falta do médico como a escolha de um “bode expiatório” para a questão da Saúde.

Além dos baixos salários dos médicos e demais profissionais de saúde, é de conhecimento público que as condições de trabalho estão cada vez mais precárias, que a rede de ambulatórios é insuficiente. E a população sente na própria pele que a solução dos planos privados não resolve o problema, uma vez que estão cada vez mais caros e apresentam um quadro de lotação de salas de espera e saída de profissionais, que alegam que o que recebem pelas consultas não compensa o trabalho. Por sua natureza de empresa privada, que visa o lucro, a tendência é de que sejam disponibilizados aos usuários dos planos os procedimentos e exames mais caros, em detrimento das ações de prevenção e do tratamento ambulatorial regular. Capitalismo e Saúde não combinam.

A defesa da vida e da boa qualidade de vida exige um sistema de saúde público, gratuito, de qualidade, de acesso universal. Para isso, é necessária maior dotação orçamentária, concursos públicos para a contratação de mais profissionais, melhores salários, unidades bem equipadas, ações integradas com a habitação, assistência social, previdência, apontando para a superação do sistema capitalista. O momento é de mobilizar os trabalhadores, a maioria da população, para esta luta.

As chuvas de verão, os governos e as classes sociais

Pela Comissão Política Regional
janeiro/ 2013

Início de 2013. A cena se repete: chuvas fortes, enchentes, enxurradas, desabamentos, mortes. As áreas mais atingidas, como de costume, são, em sua maioria, aquelas usadas para moradia nas encostas e nas margens nos rios e canais próximas ao centro das cidades, áreas ocupadas, no caso geral, por famílias de baixa renda. Bairros pobres de cidades localizadas em regiões de baixada, como Caxias, no Grande Rio, são outras onde a catástrofe acontece com mais freqüência.

As manchetes dos jornais também se repetem: “Chuvas matam no Rio”, Desabam casas construídas em áreas inadequadas” etc. A desfaçatez é repugnante, pois fica clara a intenção de atribuir-se a culpa da tragédia à Natureza ou à ignorância da população pobre. Mais uma vez, também noticia-se que as verbas repassadas aos municípios para a realização de obras de prevenção não foram utilizadas, quando não foram, simplesmente, desviadas. E, mais ainda, é notória a ausência de planos de contingência, de ações integradas do aparelho de Estado para o enfrentamento das situações de crise.

Além da incompetência das autoridades está o fato de que os governos conservadores, que representam os as camadas mais abastadas da sociedade, não têm interesse em atacar os problemas de fundo por trás das tragédias desse tipo, pois afinal, trata-se de pobres. Não interessa construir bairros populares com toda a infraestrutura, não interessa expandir as redes de saúde e escolar, os equipamentos urbanos para o conjunto das cidades, não interessa construir uma rede de transportes baratos e eficientes para a maioria da população.

Para as classes abastadas, que podem comprar suas moradias nas áreas nobres, para os capitalistas do setor imobiliário, que vivem da especulação, não há interesse em implantar-se um planejamento urbano com a participação direta da população.

As chuvas caem sobre todos, mas a tragédia gerada não se deve a elas, mas sim à divisão da sociedade em classes e aos governos que representam, na maioria dos casos, os interesses dos ricos.

Para mudar este quadro, os trabalhadores, a sociedade organizada devem fazer a denúncia das reais causas da tragédia e mobilizar-se para avançar na luta pelo aumento dos gastos sociais, pelo planejamento urbano com a participação de todos, pela igualdade social, para a construção de um novo poder político que represente a maioria, a classe trabalhadora, tendo como objetivo a construção de uma sociedade socialista.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Nova Friburgo dois anos depois da tragédia: o descaso continua

Pelo Comitê Municipal de Nova Friburgo
(Base Francisco Bravo)
janeiro/ 2013

Passados dois anos da maior tragédia climática da história do país, Nova Friburgo, palco principal do drama, segue ainda devastada. Se, por um lado, algumas das feridas abertas no triste 12 de janeiro de 2011 podem ser fechadas, outras tantas ainda sangram no cotidiano da cidade serrana.

Enquanto o centro da cidade é “maquiado”, tentando dar aos friburguenses uma falsa sensação de segurança e tranquilidade, a classe trabalhadora, maior vítima da tragédia e do descaso político, segue vendo suas comunidades abandonadas pelo poder público. Nos bairros periféricos – os mais violentados pela tragédia –, encostas continuam ameaçadoras, ruas continuam esburacadas, casas continuam condenadas e a população continua em risco. Sem a entrega das casas populares e, quando muito, recebendo o insuficiente aluguel social, inúmeras famílias continuam sem ter onde morar e outras tantas, sem opção, arriscam-se vivendo amedrontadas pelas chuvas em áreas de perigo iminente.

Os milhões de reais que chegaram à cidade, vindos dos governos federal e estadual, encheram os bolsos das empreiteiras e de alguns poucos políticos, mas não ergueram uma única casa para uma única família necessitada. Décadas de cumplicidade do poder público com os interesses da especulação imobiliária e da ocupação desordenada do solo trouxeram lucros para poucos e desgraça para muitos.

Entretanto, se passado e presente, terríveis, apontam para um futuro sofrido, nós, trabalhadores, revoltados com o descaso do poder público, temos o dever de nos levantar em favor de todos os atingidos pelas tragédias passadas! Devemos exigir dignidade aos que estão vivos e seguem sofrendo no dia-a-dia, todos os dias, a dor de suas perdas. Somente um movimento amplo e a união da sociedade civil organizada em torno desta causa podem decretar e direcionar os rumos da cidade para o que deve ser um futuro digno e seguro a todos os que sofreram e ainda sofrem por causa das chuvas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Petrópolis: balanço de atividades em 2012

Pelo Comitê Municipal de Petrópolis
10/ 01/ 2013

2012 marcou a reorganização do PCB em Petrópolis. Partindo do núcleo que manteve vivo o Partido na cidade nos últimos anos e impulsionado pelas resoluções do último Congresso, o coletivo partidário soube conciliar uma organização incipiente com o vulto das tarefas que se colocaram como inadiáveis. Desta forma o Partido passou a ter vida orgânica e se pronunciar em todos os fóruns onde fosse possível defender nossas propostas. Ainda que de maneira tímida, por conta das restrições impostas pela ação do capital, ocupamos espaços na imprensa nos pronunciando sobre temas candentes do interesse da classe trabalhadora e promovemos atividades que deram visibilidade ao PCB, sobretudo quando das comemorações dos 90 anos do Partido e durante o processo eleitoral.

Mesmo não apresentando candidatos ou coligando-se com outras forças (por uma série de motivos), o PCB não deixou de participar do processo, indo às ruas denunciar o verdadeiro caráter das eleições burguesas ao mesmo tempo que apresentava propostas para a edificação duma nova sociedade. O saldo foi bastante positivo dada a receptividade que tivemos, sobretudo entre a juventude, de modo que descortina-se 2013 com um amplo leque de oportunidades para o Partido crescer orgânica e qualitativamente e se fazer cada vez mais presente nos movimentos populares, junto à classe trabalhadora e à juventude.

Importante papel coube à Imprensa Popular, o qual se configurou como instrumento fundamental não só para o sucesso das atividades que desenvolvemos, como também para o recrutamento. Sua distribuição foi implementada com êxito, inicialmente entre a militância e simpatizantes. O próximo passo será veiculá-lo nas bancas de jornais e entidades de classe.

Por fim, a fundação da Unidade Classista veio ao encontro da necessidade de instrumentalizarmos nossa inserção no meio sindical. A boa aceitação dos seus primeiros documentos por sindicalistas e trabalhadores atesta o acerto do PCB em criar este importante instrumento de organização e luta da classe trabalhadora. Neste sentido, sua organização no município, bem como da UJC pelas mesmas razões, colocam-se como tarefas principais dos comunistas petropolitanos para 2013.