quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Dia da caça, dia do caçador

Joycemar Tejo, membro do
Comitê Estadual do PCB- RJ
(originariamente para o Platitudes banais)
31/ 10/ 2013

Uma coisa deve ser dita: COM CERTEZA, mas com absoluta certeza, o coronel da PM paulista agredido na manifestação de massas do dia 25/ 10 (aqui) fez, ao longo de sua carreira policial, a MESMA coisa com muita gente. Principalmente, podemos dizer, e também com certeza, contra jovens negros proletários das periferias. E, ainda por cima, com o amparo do Estado burguês, do qual é o braço armado.

Provou do próprio veneno.

Mas suponhamos que o coronel Rossi seja um policial militar exemplar, que jamais em toda sua trajetória abusou de sua autoridade contra a população pobre. Ainda assim há que perguntar o porquê de ter sido quase linchado. Não é por ser apenas um agente estatal. Os manifestantes não fariam isso com, por exemplo, os professores da rede pública; ao contrário, aqui no Rio de Janeiro os setores mais radicalizados, os "vândalos" da Rede Globo, cantavam "o professor é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo". Não fariam isso com a Defensoria Pública, por exemplo, e o prédio do Tribunal de Justiça, aqui no Centro do Rio, apesar de estar no trajeto rumo à Alerj, tem passado incólume durante as manifestações. A Polícia, não; a Polícia é odiada. Todos querem a chance de dar um chute, uma porrada, uma pedrada na Polícia. Desperta o ódio instintivo- e é um ódio merecido. A juventude negra proletária da periferia pode confirmar isso.

É preciso ter algumas coisas em mente. A polícia é o cão de guarda do sistema, e não basta trocá-la por outra; o sistema arranjará novos guarda-costas. O verdadeiro inimigo, pois, é o sistema, e não seus paus-mandados (os policiais infiltrados nas assembleias dos professores da rede pública têm sido enxotados aos gritos de "cachorrinhos do Cabral"). Nesse sentido, como marxistas, somos contra o terrorismo individual. Porque a "conta que nos deve pagar o sistema capitalista é demasiado elevada para ser apresentada a um funcionário chamado ministro", ou, aqui, a um coronel da PM.

Não adianta muito, portanto, agredir um coronel da PM. Mas, ao contrário de Dilma (aqui), a mesma Dilma que convoca a Força Nacional para garantir o criminoso leilão do Campo de Libra, não temos nenhuma solidariedade para com o coronel Rossi. Muito pelo contrário, a nossa solidariedade é para com a juventude negra proletária da periferia, as vítimas do sistema que o coronel Rossi e sua polícia representam.