domingo, 28 de julho de 2013

Rio, cidade maravilhosa somente para os ricos

Bruno Pizzi, Carlos Serrano e André Vieira
militantes da Base SEPE/ SINPRO do PCB-RJ
julho de 2013

Nós, moradores do Rio de Janeiro temos observado as inúmeras transformações de nossa cidade. Nos jornais se diz que a copa do mundo, as olimpíadas e as UPP’s vão melhorar a vida de todos criando um "Rio de paz", "resgatando a cidadania", "modernizando", trazendo "qualidade de vida" e recuperando "o orgulho de ser carioca". Mas será que isso é verdade?

Vivemos numa cidade de remoções. Favelas são destruídas à força por Eduardo Paes e Sérgio Cabral para abrir caminho às obras da copa do mundo e das olimpíadas. As empreiteiras lucram milhões com estas construções. Os altos custos da moradia tornam inviáveis o sonho da casa própria ou mesmo o pagamento do aluguel aumentando cada vez mais a distância entre a casa e o trabalho.

Vivemos numa cidade sem transportes de qualidade e com péssimo trânsito. Nosso deslocamento na cidade é muito comprometido devido ao caos no trânsito, péssimos serviços oferecidos pelas empresas de transporte, tudo isso junto com o aumento recente de preços das barcas e do metrô e dos ônibus. Além disso, em vez de termos transportes gratuitos e de qualidade, nosso deslocamento é controlado por apenas quatro famílias que possuem influência direta nos políticos para garantir o seus lucros.

Vivemos numa cidade onde a situação dos hospitais públicos se torna cada vez pior. A empresa hospitalar Rio-saúde e a empresa brasileira de serviços hospitalares (EBSERH) são projetos do governo que retiram dos hospitais de nossa cidade toda responsabilidade de gerência de seus espaços, entregando o dinheiro público da administração dos hospitais para empresas privadas.

Vivemos numa cidade com a educação totalmente sucateada. A rede pública de ensino tem sido fortemente golpeada com baixos salários, imposição de modelo de competição entre os professores com prêmio àqueles que cumprem metas dadas pelo governo e até, numa atitude de completo desrespeito com os trabalhadores da educação, a distribuição de jogos como "Banco Imobiliário", como propaganda de venda da cidade e formação de "crianças empreendedoras" nas escolas. A Escola Friedenreich é o exemplo claro desse verdadeiro jogo. Atualmente ela é ameaçada de ser destruída em função das obras para a Copa e as Olimpíadas. Na rede privada, principalmente nas Universidades, os professores vão de mal a pior! Sem pagar salários por três meses, os donos dessas empresa de educação tem tentado negociar com cada professor, negando qualquer conversa com o sindicato da categoria. Recentemente, a Comissão parlamentar de inquérito (CPI) das universidade privadas descreveu, em seu relatório final, que a universidade Estácio de Sá teve valorização de 84,7% e o grupo Anhanguera de 62,1% em 2012. O que é completamente contraditório com o não pagamento dos salários dos professores dessas mesmas instituições.

A truculência policial é cada vez maior. Somente neste ano, o governo de Eduardo Paes investiu 3 milhões de reais em armas não-letais (pistolas elétricas, carabinas com balas de borracha, spray de pimenta, gás lacrimogênio e granadas de luz e som). Elas estão sendo distribuídas para as 17 UPP's espalhadas por todo o Rio de Janeiro. A polícia é tão aparelhada quanto direcionada para impedir qualquer tipo de manifestação de nossos interesses.

Enfim, onde está o dinheiro público arrecadado com nossos impostos para moradias, saúde e educação? Se os governos aplicam esse dinheiro para construções que não nos favorecessem, fica claro que cada vez mais a cidade se torna acessível somente para os ricos.